Com o tempo, as paredes do intestino vão inflamando, atrofiando e perdem a capacidade de absorver nutrientes dos alimentos, e até os remédios podem deixar de fazer efeito.
É trabalho para detetive. De lupa na mão, a psicóloga Cláudia Ferreira Pinto vasculha as embalagens do supermercado. Achar o que procura é missão para olho vivo. “Nesse produto, eu não achei a inscrição ‘contém ou não contém glúten’ na relação de ingredientes. Eu vou ter que procurar no pacote para ter certeza. A gente vê embaixo”, afirma.As letras miúdas são um inferno na vida de quem tem doença celíaca - um mal que começa no intestino abrindo as portas para uma variedade de doenças e sintomas que desafiam médicos e confundem quem sofre.A farinha fina usada em pães, macarrão, doces e tanta coisa boa é um veneno para quem tem a doença celíaca. O problema é o glúten, uma proteína encontrada no trigo, no centeio, na aveia, na cevada e no malte. Doença celíaca não é alergia, é intolerância alimentar ao glúten e ele tem que ser cortado da dieta.“Foi feito um cálculo de que 1% da população mundial tem doença celíaca e não sabe. Então, você imagina quantos habitantes têm o Brasil e quantos celíacos estão andando por aí que não sabem que são celíacos”, ressalta a médica Lorete Kotze.Para o celíaco, cada guloseima feita de farinha que tenha glúten é uma agressão ao sistema digestivo. Com o tempo, as paredes do intestino vão inflamando, atrofiando e perdem a capacidade de absorver nutrientes, como o cálcio e o ferro dos alimentos, e até os remédios podem deixar de fazer efeito.Em Curitiba, encontramos uma turma que é um retrato da doença no Brasil. Ao todo, 75% dos pacientes são mulheres. Obter o diagnóstico é missão dificílima.“Diziam que era depressão, sistema nervoso”, revela a administradora aposentada Evangeline Montardit. “Fiquei uns oito meses com muita diarréia. A minha tireóide descompensou. Eu fui em dez médicos em um mês”, diz a nutricionista Maria Fernanda Ligocki.“Eles ficam fazendo o que eu chamo de tour. Eles começam ir a tudo quanto é médico, e cada um dá um palpite, dá um diagnóstico. E, na realidade, se ele fizer o diagnóstico de doença celíaca, ele resolve tudo o que precisa ser resolvido”, declara a médica Lorete Kotze.Foi exatamente o que aconteceu com todos da Associação dos Celíacos do Paraná. Matheus Correia, de 12 anos, o caçula do grupo, chegou a ser diagnosticado como hiperativo. “Teve casos em que eu chegava a desmaiar de fraqueza, cansaço”, relata.Foi só cortar o glúten da alimentação e tudo mudou. “Em seis meses, as pessoas me perguntavam se eu tinha feito uma lavagem cerebral no Matheus, porque ele mudou totalmente. Ele é uma criança calma. Aprendizagem dele, que ele tinha muita dificuldade, mudou totalmente”, conta Marisli Correia, a mãe do menino.A Doutora Lorete explica que o diagnóstico capaz de mudar a vida do celíaco vem com um exame de sangue e uma biópsia feita em uma endoscopia especial. Assim se descobre o problema que é genético e pode até nunca se manifestar, mas ele está adormecido, podendo acordar com o tempo, uma infecção, uma cirurgia, um momento de estresse.Em reuniões, os celíacos trocam informações preciosas e muitas receitas. Cada um leva o que vai aprendendo a fazer: quibe, coxinha e até empadinha.“É um pão integral com farinha de arroz integral, farinha de soja integral, farinha de amaranto e amido. Eu fiz uma mistura dessas quatro farinhas”, explica uma das mulheres do grupo.Em casa, as receitas da psicóloga Cláudia Ferreira Pinto também fazem sucesso. Ela prepara uma massa de pizza com mistura pronta de pão de queijo.Depois de pré-assada, é só cobrir a gosto e dar uma última aquecida. As filhas adoram. “Ela chega a ser melhor que a pizza comum. A massa ela dá um toque totalmente diferente”, comenta uma das filhas da psicóloga.Especialistas em driblar as dificuldades todos eles são, mas não dá para esconder que de vez em quando bate aquela nostalgia. Todos revelam que morrem de saudade do tradicional pão francês.
Com o tempo, as paredes do intestino vão inflamando, atrofiando e perdem a capacidade de absorver nutrientes dos alimentos, e até os remédios podem deixar de fazer efeito.
As letras miúdas são um inferno na vida de quem tem doença celíaca - um mal que começa no intestino abrindo as portas para uma variedade de doenças e sintomas que desafiam médicos e confundem quem sofre.
A farinha fina usada em pães, macarrão, doces e tanta coisa boa é um veneno para quem tem a doença celíaca. O problema é o glúten, uma proteína encontrada no trigo, no centeio, na aveia, na cevada e no malte. Doença celíaca não é alergia, é intolerância alimentar ao glúten e ele tem que ser cortado da dieta.“Foi feito um cálculo de que 1% da população mundial tem doença celíaca e não sabe. Então, você imagina quantos habitantes têm o Brasil e quantos celíacos estão andando por aí que não sabem que são celíacos”, ressalta a médica Lorete Kotze.
Para o celíaco, cada guloseima feita de farinha que tenha glúten é uma agressão ao sistema digestivo. Com o tempo, as paredes do intestino vão inflamando, atrofiando e perdem a capacidade de absorver nutrientes, como o cálcio e o ferro dos alimentos, e até os remédios podem deixar de fazer efeito.
Em Curitiba, encontramos uma turma que é um retrato da doença no Brasil. Ao todo, 75% dos pacientes são mulheres. Obter o diagnóstico é missão dificílima.
“Diziam que era depressão, sistema nervoso”, revela a administradora aposentada Evangeline Montardit. “Fiquei uns oito meses com muita diarréia. A minha tireóide descompensou. Eu fui em dez médicos em um mês”, diz a nutricionista Maria Fernanda Ligocki.
“Eles ficam fazendo o que eu chamo de tour. Eles começam ir a tudo quanto é médico, e cada um dá um palpite, dá um diagnóstico. E, na realidade, se ele fizer o diagnóstico de doença celíaca, ele resolve tudo o que precisa ser resolvido”, declara a médica Lorete Kotze.
Foi exatamente o que aconteceu com todos da Associação dos Celíacos do Paraná. Matheus Correia, de 12 anos, o caçula do grupo, chegou a ser diagnosticado como hiperativo. “Teve casos em que eu chegava a desmaiar de fraqueza, cansaço”, relata.
Foi só cortar o glúten da alimentação e tudo mudou. “Em seis meses, as pessoas me perguntavam se eu tinha feito uma lavagem cerebral no Matheus, porque ele mudou totalmente. Ele é uma criança calma. Aprendizagem dele, que ele tinha muita dificuldade, mudou totalmente”, conta Marisli Correia, a mãe do menino.
A Doutora Lorete explica que o diagnóstico capaz de mudar a vida do celíaco vem com um exame de sangue e uma biópsia feita em uma endoscopia especial. Assim se descobre o problema que é genético e pode até nunca se manifestar, mas ele está adormecido, podendo acordar com o tempo, uma infecção, uma cirurgia, um momento de estresse.
Em reuniões, os celíacos trocam informações preciosas e muitas receitas. Cada um leva o que vai aprendendo a fazer: quibe, coxinha e até empadinha.
“É um pão integral com farinha de arroz integral, farinha de soja integral, farinha de amaranto e amido. Eu fiz uma mistura dessas quatro farinhas”, explica uma das mulheres do grupo.
Em casa, as receitas da psicóloga Cláudia Ferreira Pinto também fazem sucesso. Ela prepara uma massa de pizza com mistura pronta de pão de queijo.
Depois de pré-assada, é só cobrir a gosto e dar uma última aquecida. As filhas adoram. “Ela chega a ser melhor que a pizza comum. A massa ela dá um toque totalmente diferente”, comenta uma das filhas da psicóloga.
Especialistas em driblar as dificuldades todos eles são, mas não dá para esconder que de vez em quando bate aquela nostalgia. Todos revelam que morrem de saudade do tradicional pão francês.
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