Além de tornar o prato mais convidativo, diversificar as cores e os ingredientes das refeições proporciona ao corpo (e à saúde) mais harmonia
Tão poderosa quanto a fome, a visão está diretamente associada à sensação de água na boca quando deparamos com um prato apetitoso. "Os primeiros instantes desse encontro não deixam dúvida sobre o poder das cores de encantar os olhos e aguçar o paladar", afirma o chef de cozinha Fábio Barbosa, do restaurante La Mar, em São Paulo. Não é difícil entender. Basta comparar a atração exercida por um prato com arroz branco, feijão, batata e frango com outro cheio de tomate, cenoura, folhas verdes e peixe. Preferências à parte, a festa de cores proporcionada por alguns tipos de alimentos aguçam os sentidos e, rapidamente, provocam a fome.
Generosa, a mãe Natureza "pintou" hortaliças e frutas de tons vibrantes como amarelo, laranja, vermelho, roxo, verde e outras tantas nuances intermediárias. Até pouco tempo atrás, acreditava-se que tamanha beleza vinha das vitaminas e dos sais minerais contidos nos alimentos. Mas, pesquisas recentes revelaram que os responsáveis por esse belo arco-íris são os pigmentos, ao todo mais de 600. Alguns alimentos vermelhos, como o tomate, são ricos em licopeno; os verdes, como o espinafre e a couve- manteiga, são abundantes em betacaroteno e luteína. "Essas substâncias são ricas em antioxidantes, inimigos dos radicais livres, agentes responsáveis pelo envelhecimento precoce e pelo surgimento das doenças degenerativas", diz a nutricionista gaúcha Bia Rique, autora do livro Comer para Emagrecer, uma Filosofia Nutricional (ed. Casa da Palavra).
Mais um argumento imbatível para deixarmos de lado a monotonia do prato e variar o máximo possível. E tem mais: segundo Bia, quanto mais ingerimos alimentos com diferentes tonalidades, maior o potencial antioxidante em nosso organismo.
Para não errar nessa alquimia, basta observar se suas refeições contêm no mínimo três cores e, dentre elas, as duas citadas acima - consideradas essenciais no cardápio. Caso contrário, sinal amarelo: é hora de ampliar suas escolhas.
Primeiro, coloque no prato o que você mais gosta. Depois, avalie se estão presentes os ingredientes-chave de uma boa dieta. "Grãos, carnes, leite e derivados têm macronutrientes como carboidratos e proteínas, mas não chegam nem perto do ideal", afirma a nutricionista Bia Rique. Ela ressalta que sem legumes, verduras, raízes, frutas e oleaginosas, o pacote fica incompleto. "Juntos eles agem para o bom funcionamento do cérebro, do metabolismo, e mantêm a integridade física", diz a nutricionista Vanderlí F. Marchiori, da Associação Brasileira de Nutrição Esportiva.
Além disso, ao selecionarmos sabores diferentes, o visual do prato fica mais apetitoso e saudável. "Cada alimento traz nutrientes diversos, importantes para suprir as necessidades específicas do organismo e, assim, conseguir realizar suas funções de forma equilibrada", afirma a nutricionista Adriana Kachani, da Clínica Pacaembu, em São Paulo. Segundo ela, quando falta algum deles, o corpo emite os primeiros sinais de alerta: queda de cabelo, pele sem viço e unhas fracas. "Isso indica que algo está deficitário e pode até trazer complicações maiores se não for resolvido", diz Adriana.
PARA BRILHAR
Agora que você já descobriu o truque de uma alimentação equilibrada, aprenda como valorizar os tons naturais dos alimentos e deixar os pratos ainda mais bonitos e apetitosos. "Ao serem cozidos demais, alguns vegetais como brócolis, aspargos e vagem podem perder a cor", diz o chef de cozinha Fábio Barbosa, do restaurante La Mar, em São Paulo. "Por isso, o ideal é cozinhá-los ao vapor ou com água fervente e sempre moderar no tempo de cozimento", afirma.
Também vale a pena seguir a regra básica de todos os chefs: se não for servir imediatamente, pegue o alimento e coloque-o em uma panela com água e gelo para manter sua tonalidade. E, caso queira dar um brilho extra ao prato, siga a dica da chef Carole Crema, consultora da rede de restaurantes Wraps: pincele um pouco de azeite ou manteiga. Outro lembrete imprescindível: respeite o tempo natural dos ingredientes. "Veja se é época, assim você não corre o risco de comer algo sem cor e sabor", diz a chef Priscila Herrera, do restaurante Banana Verde, de São Paulo.
Em suma, siga a lei: varie, mude, observe e seja criativa. "Quando entendemos que é mais saudável, mais bonito e resgata o desejo de comer, passamos a querer brincar com as cores e os ingredientes", afirma Barbosa.
Nutricionista Beatriz Rique, representante da AODA (American Overseas Dietetic, no Brasil, e as nutricionistas Bruna Murta e Natalia Lautherbach, da rede Mundo Verde)
fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/saude/prato-convidativo-diversificar-cores-ingredientes-refeicoes-corpo-620973.shtml
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