Você já reparou nas inscrições "contém glúten" ou "não contém glúten" das embalagens de alimentos? Pois é, não estão lá à toa. São fruto de uma lei que obriga as indústrias alimentícias a identificarem a presença ou ausência dessa proteína. Isso porque o glúten desencadeia uma série de problemas ao organismo das pessoas portadoras da doença celíaca, e não são poucas.
Segundo um estudo apresentado no início de 2007 pela Unifesp, que analisou o sangue de 3 mil doadores, 1 em cada 214 eram celíacos. Seguindo essa média, estima-se que no Brasil existam quase 4 milhões de portadores da doença, a maioria sem sequer desconfiar da sua existência. Um número que merece atenção, pois a doença celíaca é responsável por disfunções que vão desde desnutrição, perda de peso, osteoporose até câncer de intestino. Como os sintomas são comuns a diversos outros males, muitas vezes a pessoa não desconfia que tem a doença e passa anos enfrentando enfermidades e incômodos que poderiam ser evitados com o tratamento. Saiba quais são esses sintomas, como é feito o diagnóstico, as conseqüências da doença, o que acontece ao organismo, qual o tratamento, como pode ser a vida sem o glúten e muito mais!
Como o problema se manifesta
Não é regra, mas o sintoma mais corriqueiro da doença celíaca é a diarréia crônica. Fezes líquidas ou moles de cor clara são sinal de que alguma coisa não vai bem no sistema digestivo. Essa coisa pode ser a não absorção dos nutrientes pelas paredes do intestino delgado, provocada pela patologia. Isso vale para qualquer faixa etária. "A doença celíaca pode se manifestar tanto em bebês, adolescentes, adultos como em idosos", explica o gastroenterologista José César Junqueira, professor e pesquisador da UFRJ. Outros sintomas frequentes são perda de apetite, distensão abdominal e anemia crônica.
"Não se sabe o porquê, mas em alguns casos a prisão de ventre crônica também é sintoma da enfermidade", afirma Junqueira, completando, "certos problemas crônicos sem explicação aparente, que não respondem aos tratamentos, podem ser resultado da doença celíaca, por isso é tão importante médicos e pacientes estarem atentos a essa possibilidade", orienta. Entre tais problemas estão infertilidade feminina, abortos espontâneos de repetição, hepatite crônica, alterações de humor, apatia e até distúrbios neurológicos, como a ataxia por glúten.
"A ataxia (que provoca desequilíbrio motor, entre outras coisas) geralmente é causada por alterações do cerebelo, mas pode também ser desencadeada pela doença celíaca", explica a gastroenterologista Vera Lúcia Sdepanian, professora e pesquisadora da Unifesp, em São Paulo. "Mesmo alterações psiquiátricas como a depressão podem ser uma conseqüência, e um sintoma", ressalta.
Como o intestino absorve nutrientes e o que é a doença celíaca
Entenda o que acontece com o intestino das pessoas com doença celíaca e porque provoca tantos males
1) As paredes internas do intestino delgado possuem vilosidades que são como "braços", responsáveis pela absorção de macronutrientes como proteínas e carboidratos, e micronutrientes, como vitaminas, ferro, cálcio, entre outros.
2) Quando uma pessoa com doença celíaca ingere alimentos com glúten, essa proteína, ao checar no intestino, estimula a produção excessiva de linfócitos intraepteliais, que são anticorpos contra o glúten, principalmente os de tipo IgA.
3) Os anticorpos atuam sobre as vilosidades internas do intestino, que se atrofiam e vão deixando de desempenhar a sua função de captar os macro e micronutrientes.
4) Os nutrientes são eliminados com as fezes. Assim, não caem na corrente sanguínea e não chegam onde deveria chegar, provocando deficiências nutricionais graves.
1) As paredes internas do intestino delgado possuem vilosidades que são como "braços", responsáveis pela absorção de macronutrientes como proteínas e carboidratos, e micronutrientes, como vitaminas, ferro, cálcio, entre outros.
2) Quando uma pessoa com doença celíaca ingere alimentos com glúten, essa proteína, ao checar no intestino, estimula a produção excessiva de linfócitos intraepteliais, que são anticorpos contra o glúten, principalmente os de tipo IgA.
3) Os anticorpos atuam sobre as vilosidades internas do intestino, que se atrofiam e vão deixando de desempenhar a sua função de captar os macro e micronutrientes.
4) Os nutrientes são eliminados com as fezes. Assim, não caem na corrente sanguínea e não chegam onde deveria chegar, provocando deficiências nutricionais graves.
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