A diminuição dos níveis hormonais ocorre em todas as mulheres, normalmente por volta dos 45 anos de idade, sendo que esta fase marca o final do período reprodutivo feminino e o início da menopausa, quando ocorre o último ciclo menstrual. A incidência de doenças cardiovasculares (DCV) aumenta com o avanço da idade, sendo que as manifestações clínicas aparecem nas mulheres, em média, cerca de 10 a 15 anos mais tarde do que nos homens, fato possivelmente explicado pela proteção hormonal feminina. As DCV representam 53% dos casos de mortalidade entre as mulheres, especialmente àquelas que estão acima dos 50 anos de idade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até 2030, mais de 1 bilhão de mulheres estarão na menopausa. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) avalia que mais de 13,5 milhões passam pelo climatério. Para esclarecer as principais dúvidas sobre o assunto, o ginecologista César Eduardo Fernandes, professor da Faculdade de Medicina do ABC e presidente do conselho científico da Associação Brasileira do Climatério (SOBRAC), comenta algumas questões que envolvem esta fase da vida da mulher.
1. Por que a menopausa aumenta a incidência de doenças cardiovasculares?
Dr. César Eduardo Fernandes - O risco cardiovascular aumenta após a menopausa porque a deficiência hormonal acelera o processo aterosclerótico, ou seja, deteriora a saúde da parede dos vasos. Por esta razão, as mulheres na pós-menopausa sofrem maior incidência de hipercolesterolemia (colesterol alto), diabetes mellitus (tipo 2), hipertensão arterial (pressão alta), obesidade visceral, que são conhecidos como fatores de risco para as DCV. Para prevenir o risco cardiovascular, é importante que a mulher faça o controle destes fatores, além de abandonar o cigarro, praticar atividade física (pelo menos 30 minutos de 3 a 6 dias por semana), evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e fazer uma dieta equilibrada, rica em frutas, verduras e vegetais.
2. É verdade que as mulheres apresentam problemas cardiovasculares em idade mais avançada que os homens?
Dr. César Eduardo Fernandes - Sim, as manifestações clínicas das DCV aparecem, em média, cerca de 10 a 15 anos mais tarde nas mulheres do que nos homens. No entanto, muitas mulheres não fazem um controle adequado da doença, que possivelmente é desencadeada pela redução hormonal característica da menopausa, período em que o corpo feminino perde a proteção estrogênica, o principal hormônio que resguarda as artérias do coração.
3. Por que ao controlar a hipertensão arterial, diminuí-se o risco cardiovascular? Quais seriam os níveis ideais para que não ocorram danos nas artérias?
Dr. César Eduardo Fernandes - A hipertensão arterial é a força exercida pelo sangue contra a parede dos vasos, que são chamadas de artérias. Quando esta força é maior do que o normal, chamamos de hipertensão arterial. O aumento contínuo da pressão arterial faz com que ocorram danos nas artérias, desta forma, o controle irá beneficiar diversas partes do organismo, diminuindo o risco cardiovascular. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) os valores de 120x80mmHg correspondem à pressão arterial ótima. Valores superiores a 140x90mmHg caracterizam a hipertensão, quando encontrados em múltiplas medições, e em diferentes horários, posições e condições (em repouso, sentado ou deitado).
4. A terapia de reposição hormonal (TRH) é uma opção de tratamento para reduzir o risco cardiovascular?
Dr. César Eduardo Fernandes - A TRH tem indicações bastante definidas e aceitas consensualmente na literatura médica para o alívio dos sintomas do climatério. Embora a TRH não seja um tratamento próprio para reduzir o risco cardiovascular, quando é indicada no momento certo, pode trazer o benefício de proteção contra as DCV. Existem evidências de benefícios cardiovasculares quando a TRH é iniciada na transição menopáusica ou nos primeiros anos de pós-menopausa, por outro lado, existem evidências de risco caso a terapêutica hormonal seja iniciada tardiamente. A decisão clínica de iniciar ou de dar continuidade à TRH deve levar sempre em consideração a peculiaridade de cada paciente, procurando individualizar o regime terapêutico a ser adotado, as doses e tipos a serem empregados, além do tempo de utilização dos hormônios. Um ponto relevante a se considerar na TRH é a sua composição. Nesta questão, as substâncias que atuam de forma semelhante a progesterona, denominadas progestagênios, podem fazer grande diferença. Estudos revelam que alguns progestagênios apresentam um bom perfil de segurança em relação ao risco cardiovascular, entre eles a drospirenona que, associada ao estradiol, tem mostrado resultados positivos para a redução dos níveis de pressão arterial em pacientes hipertensas, além de propiciar alívio dos sintomas da menopausa e não influenciar no ganho de peso.
Recomendações sobre uso da TRH
Dos vários tratamentos disponíveis para os sintomas da menopausa, a terapêutica hormonal é a mais indicada, pois é a única que demonstra eficácia no alívio dos sintomas (fogachos, insônia, irritabilidade, depressão, atrofia genital, entre outros), protege contra a perda de colágeno e atrofia da pele, conserva a massa óssea e reduz o risco de fraturas por osteoporose com benefícios consideráveis sobre a qualidade de vida das pacientes. O que difere as terapias são os progestagênios, pois cada um traz um tipo de benefício. Entre as terapias disponíveis no mercado, a drospirenona (Angeliq®, da Bayer Schering Pharma) demonstrou em diversos estudos, efeitos significativos na redução da pressão arterial das mulheres, além do alívio dos sintomas da menopausa. Devido à sua propriedade antimineralocorticóide e antiandrogênica, a drospirenona evita a retenção de líquido e o aumento de peso, produzindo efeitos diretos sobre o sistema cardiocirculatório.
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